23.3.07

Educação de Adultos em Portugal

A Escola Superior de Educação da Universidade do Algarve (UALG) recebeu a conferência sobre “A Situação Actual da Educação de Adultos em Portugal”, inserida na Semana Aberta 2007.

A conferência teve início às 10:30 horas do dia 5 de Março, com o Anfiteatro Paulo Freire completamente cheio. A abertura da sessão coube ao Professor Hélder Raimundo, subdirector do Curso de Educação e Intervenção Comunitária (EIC), que organizou esta primeira conferência da Semana Aberta 2007. O Dr. Alberto Melo, orador desta conferência, leccionou na UALG de 1984 a 1992 e actualmente continua ligado à universidade, dada a sua ampla formação em Educação de Adultos. Este começou a sua intervenção explicando a complexidade deste conceito que referiu ser “muito difícil definir Educação de Adultos porque é resultante de processos sociais em mutação constante”. No entanto, a UNESCO encontra uma definição comum às diferentes sociedades ficando estipulado que “a educação de adultos tem uma componente pessoal, interrelações pessoais e formação como cidadãos”. Segundo o orador, quando é possível organizar debates dentro desta temática são estes os temas que normalmente são tratados.

O Dr. Alberto Melo prosseguiu o seu discurso referindo que “a educação moderna liga-se a um movimento das Escolas Superiores Populares na Dinamarca, no século XIX. Desde o início, o conceito moderno revela uma “tendência não institucional ligado a movimentos de pessoas insatisfeitas com a vida, sem emprego, que pretendem compreender o que se passa”. Em Portugal estes movimentos surgiram apenas no pós 25 de Abril de 1974 porque “não havia compatibilidade para esse termo em termos de léxico”.

A Educação de Adultos é importante, na medida em que oferece uma segunda oportunidade às pessoas que por determinado motivo não puderam prosseguir a sua formação ou mesmo iniciá-la. Segundo Alberto Melo, a “educação para adultos não é igual para os jovens, pois uma pessoa adulta tem menos possibilidade de tempo, sobretudo compromissos de trabalho. O adulto tem uma maneira diferente de encarar a aprendizagem, faz uma selecção imediata do que sabe que consegue e sabe que vai apreender ao invés de uma criança que não tem essa percepção”.

Numa sociedade como a actual, os adultos não podem parar de adquirir competências, conhecimentos, compreensão de fenómenos à sua volta. A aquisição de conhecimentos tem de acontecer sempre, de forma permanente, o que não implica uma “escolarização perpétua”. O Governo tem a missão de uma sociedade educadora de modo a transmitir ao indivíduo adulto que este tem de ser crítico e autónomo, de forma a criar uma melhor cidadania. Actualmente, a ANQ (Agência Nacional para a Qualificação) veio substituir os cursos da EFA (Educação e Formação de Adultos), sendo a coordenadora nacional da formação de adultos. Segundo Alberto Melo, prevê-se que em 2010 haja cerca de 1 milhão de adultos em formação. Quanto ao futuro, o orador receia que a multiplicação dos centros de formação originem uma aprendizagem voltada para a competição, onde “haverá vencidos e vencedores”, pois o que se pretende é uma aprendizagem baseada na cooperação para que todos sejam vencedores.

No período aberto a perguntas do público as dúvidas centraram-se na carência de pessoas habilitadas a dar formação para adultos.

Alberto Melo finaliza a sua intervenção lançando a proposta de um encontro ou congresso de estudo a nível nacional, organizado pelos responsáveis do curso de EIC, para uma troca de experiências que permitam a investigação dos interessados nesta matéria, já que no Algarve há uma aposta na formação de formadores de adultos.

[Ana Fernandes e Filipe Pascoal, curso de Ciências da Comunicação]